quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Sobre Pontes

A ponte é até onde vai o meu pensamento

A ponte não é para ir nem para voltar

A ponte é somente para atravessar
Caminhar sobre as águas desse momento.

(Lenine)




Caminhos sinuosos, transposição de águas, vales e outros obstáculos naturais, são facilmente realizados por meio de pontes.


E as pontes sempre estiveram presentes na história do homem, em variadas formas. Nos primeiros tempos, os homens as utilizavam para ultrapassar obstáculos em busca de abrigo e alimentos. Atualmente, elas são frutos de obras de engenharia, seguríssimas, com sensores e outros aparatos tecnológicos, tudo para nos proporcionar conforto e facilidades.


Dentre seus diversos formatos e estilos, as pontes sempre serviram mais que tudo, como um elo entre as pessoas. E claro, além da ponte em sentido literal que acabei de descrever acima, existe a ponte como símbolo.

Durante nossas vidas, acabamos sendo ponte e nos utilizando de pontes também. O nosso trabalho é ponte para o nosso sucesso. As nossas boas ações são pontes para nosso crescimento e amadurecimento pessoal. As nossas atitudes também são pontes para momentos felizes e de infortúnios.


De toda sorte, mais do que a união física, não há dúvidas, que somos ligados à certas pessoas por laços espirituais de carinho e amor, mesmo em face da distância. Infelizes, todavia, são aqueles que se fecham e ao invés de criarem uma ponte de encontro, criam muros de separação.


Não obstante isso, devemos admitir que quando criamos uma ponte de encontro, atravessamos um caminho. Essa criação muitas vezes advém do acaso ou de conquistas. Mas a verdade, é que ao atravessar para o outro lado, devemos decidir sobre o que foi deixado para trás. É nesse ponto que algumas pessoas se perdem, pois, elas atravessam a ponte, ultrapassam uma etapa, mas não conseguem tirá-la dos pensamentos. E, em verdade, estando do outro lado, para vivê-lo plenamente e em paz, é preciso, queimar a ponte que ficou para trás. É preciso não só abandonar a ponte, mas extirpá-la da vida, aniquilá-la.


Muito embora seja uma tarefa dangerosíssima e muito dolorida, é preciso aceitar e admitir que certas etapas de nossas vidas chegam ao fim. Devemos aceitar a constante presença da partida, da nossa condição humana efêmera.


O motivo, é que se fraquejarmos, essa mesma ponte que serviu de elo e de encontro, servirá como fuga. Se não quisermos voltar para uma situação, que outrora foi desconfortável, nos causou sofrimento, foi motivo de transtorno e dor, devemos, com muita coragem, queimar todas as pontes de união.

Muito bravo foi Julio Cesar quando aportou na costa britânica com seu exercito invasor. Na ocasião ele ordenou que queimassem todos os seus navios, estes tinham prestado um grande trabalho transportando o seu exercito através do estreito e que, no caso de derrota, seriam indispensáveis para a fuga.

Em verdade, só é forte e sabe expressar com vigor essa força, aquele que ao iniciar um empreendimento, aniquila qualquer possibilidade de fuga, isto para não cair na tentação de voltar atrás, em caso de derrota, ou em razão do mínimo obstáculo encontrado.