segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Lenda do Tsuru!

Monumento a Sadako Sasaki -
Parque da Paz de Hiroshima

A menina Sadako nasceu em 1943. Em 06 de Agosto de 1945, quando ela tinha dois anos de idade, foi lançada em Hirochima (Japão), a bomba atômica. Muitos vizinhos de Sadako morreram, contudo, ela não se feriu. 

Sadako cresceu forte, corajosa e praticava atletismo. Em 1955, participou de uma grande corrida e fez seu time vencer. Depois disso, sentiu-se muito cansada e teve tonturas. Em virtude de todo esforço despendido na corrida, ela imaginou que era um sintoma normal e não se importou.

Entretanto, posteriormente, Sadako voltou a sentir tonturas a ponto de não conseguir se levantar. Ao ser levada ao hospital, foi diagnosticado que se tratava de leucemia, “a doença da bomba atômica”.

Enternecida, Chizuko, a melhor amiga de Sadako, foi visitá-la no hospital, presenteando-a com papéis de origami. Na oportunidade, contou-lhe sobre uma velha lenda japonesa, dos 1000 tsurus.

Chikuso explicou a amiga que o tsuru é uma ave japonesa sagrada que vive 1000 anos e que aquele que dobrasse 1000 tsurus de papel teria um desejo concedido. Repleta de esperanças, Sadako clamou aos deuses que lhe concedecem a cura para que pudesse correr novamente. Assim, a menina passou a dobrar os tsurus de papel, isto contando com a ajuda de sua família que frequentemente a visitavam no hospital.

Logo no início da sua façanha, Sadako conheceu um menino que padecia da mesma doença e tinha também pouco tempo de vida. A menina tentou animar o companheiro para que ele também dobrasse os tsurus, mas obteve a seguinte resposta: "sei que esta noite morrerei". Por mais esta razão, Sadako pensou que não seria justo pedir a cura só para ela, e suplicou aos deuses que o esforço que ela estava fazendo, servisse para trazer a paz e a cura a todas as vítimas do mundo.

Todavia, malgrado todo seu esforço, Sadako faleceu depois de dobrar 964 tsurus, no dia 25 de Outubro de 1955, aos 12 anos, depois de permanecer 14 meses no hospital.

De fato, o mais emocionamente nessa história é que Sadako nunca desistiu. Ela continuou a dobrar os papéis enquanto morria. Inspirados na sua coragem e força, seus amigos e colegas de escola montaram um livro com as cartas escritas por ela e publicaram. Dessa maneira, eles começaram o sonho de construir um monumento para Sadako e para todas as crianças que faleceram em razão da bomba atômica. Jovens japoneses passaram a arrecadar dinheiro para esse projeto.

Em 1958, foi erguida a estátua de Sadako no Parque da Paz de Hiroshima, segurando um tsuru dourado. As crianças também fizeram um desejo e escreveram-no na estátua: "Esse é o nosso grito. Essa é a nossa reza. Paz no mundo!"


Venha dobrar mil tsurus pela Paz!

O Tsuru é um dos animais que simbolizam a mocidade eterna e felicidade da Ásia. Diz-se que vive 1000 anos. São, possivelmente, os pássaros mais velhos da Terra.

Era considerado o pássaro companheiro dos eremitas que faziam meditação nas montanhas. Como esses eram eremitas místicos, que supunham terem poderes sobrenaturais para não envelhecer, o tsuru, passou a ser considerado um pássaro possuidor de vida longa.

É uma das aves mais conhecidas do Oriente, perdendo apenas para a Fênix, a ave que renasce das cinzas. Já a cegonha é considerada a mãe de todas as aves e representa o canal entre o mundo dos vivos e dos mortos.

Algumas vezes a imagem do tsuru é colocada em caixões, para que a alma do morto seja levada para o céu em suas costas. Como um símbolo de longevidade, os japoneses costumam presentear os amigos com uma dobradura de papel (origami) em forma de Tsuru.



quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Afinando a Língua

Com Tony Bellotto

Nessa última terça-feira, das 21h às 22h começou com muito louvor, a nova Temporada do Programa “Afinando a Língua”, exibido no Canal Futura.

Sob apresentação do músico Tonny Bellotto (guitarrista da Banda "Titans") a nova temporada terá 13 episódios, contando com a participação de nomes como Maria Gadú, Ana Cañas, Mallu Magalhães, Alceu Valença, Fino Coletivo, Rodrigo Maranhão e Frejat. E também tem um especial com a banda Curimba, eleita pela internet na promoção Banda Afinada.

“O cenário foi totalmente reformulado, entrando mais no clima de garagem. Seguindo o estilo visual, os clipes foram substituídos por apresentações musicais no palco e os quadros dedicados à língua portuguesa foram diluídos ao longo da entrevista, que ficou mais extensa.”. (Fonte Canal Futura)

Nesse primeiro episódio Maria Gadu mostrou todo seu talento e encanto. Durante a entrevista feita por Tonny Bellotto a cantora falou de sua obra, carreira e estilo musical. O apresentador então, explorou aspectos de linguagem das suas composições, a influência cultural que elas geram, bem como revelou as histórias que levaram Maria Gadu a compor as músicas.

“O quadro A Propósito, de conteúdo gramatical, continua presente, e sempre vai pegar um trecho de uma das músicas do artista convidado para fazer uma análise de linguagem, figuras de linguagem, tempos verbais, pontuação ou qualquer outro elemento que possibilite uma dica gramatical. O Povo-Fala vai ser gravado em locações externas que tenham alguma relação com o universo do artista presente no palco. Já no Dica Afinada, Tony Bellotto continua dando dicas de livros, filmes e CDs relacionados aos assuntos tratados no programa.”. (Fonte Canal Futura


                                     

domingo, 19 de setembro de 2010

Encantar-se

Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo.



(Fernando Pessoa)



Na adolescência li um livro chamado “O Mundo de Sofia” (Jostein Gaarder). Dentre os diversos ensinamentos que a leitura desse livro me proporcionou é que não devemos perder nossa capacidade de nos encantarmos com a vida. Para tanto, o autor explica da seguinte forma: depois que nascemos, tudo é novidade. Uma flor, um brinquedo, alimentos, tudo é motivo de alegria, êxtase profundo. É a fase da descoberta, da pureza, da inocência. Ainda não conhecemos o desapontamento. Logo, em termos esdrúxulos, o mundo é um grande parque de diversões a ser descoberto.

No entanto, à medida em que vamos crescendo, as coisas vão se tornando comuns, e até mesmo maçantes. Ora, se existem inúmeras flores no mundo, por que então, irei ficar tremendamente encantada, todas as vezes que vejo uma? Mal sabemos que tudo isso, toda essa indiferença, aos poucos vai ensejando uma tristeza no coração... uma tristeza que vai entrando paulatinamente, até se alojar dentro de nós, ficando marcada como cicatriz.

De fato, devo concordo com o escritor de "O Mundo de Sofia". O passar dos anos nos faz muito prudentes. Usei a palavra prudente como um eufemismo, porque na verdade, ficamos desiludidos e desconfiados. Daí vem o questionamento: “por que na adolecência temos tantos amigos?”. Penso que isso se deve porque tíanhos mais inocência, mais senso de aventura, mais energia e menos cautela. Discutíamos com nossos amigos, mas, praticamente instantaneamente, fazíamos as pazes. Éramos convidados a passear na casa de alguém e íamos sem medo. Sem medo que a pessoa fosse desonesta, nos pedisse dinheiro emprestado, fosse um louco psicótico ou simplesmente chata.

Outro questionamento é: “Por que nos apaixonavámos com mais facilidade?” Talvez porque mergulhávamos mais fundo na aventura e não ficavamos com tanto medo do trinômio: envolvimento – perda – sofrimento.

Pelo menos na minha adolescência, o dinheiro não era tão primordial, e eu me preocupava muito mais em me divertir do que em trabalhar incessantemente para adquirir coisas que nem sei se vou poder aproveitar. Não que eu seja materialista, mas, é que o mundo atual, nos exige cada vez mais, e a aquisição de coisas foi erigida a categoria de “sobrevivência”. Infelizmente.

De ver-se que dificilmente encontramos uma pessoa mais velha - que já lutou e cumpriu fielmente quase todas as fases da vida - com sede de encantamento e apostando em novas aventuras. Para a maioria, as pessoas são muito previsíveis, e todos passaremos fatalmente pelas mesmas desilusões. O casamento já não é mais mel, é fel. O companheiro que outrora estava apaixonado é somente um amigo. Como brilhantemente escreveu Manuel Bandeira: “A vida inteira que poderia ter sido e que não foi”.

Não sei se neste mundo existe alguém como Florentino Ariza, protagonista do livro “O amor nos tempos de cólera”, que amou uma mulher durante 53 anos com o mesmo fervor da adolescência. Que esperou praticamente a vida toda para viver com Fermina Daza, seus últimos dias, no “tempo da delicadeza”.

Francamente espero que sim. Espero que existam muitos “Florentinos” no mundo. Tomara Deus que todas as vezes que eu me sentir desiludida ou desanimada, eu me lembre do personagem supracitado. Pois de que vale a vida sem o encantamento e a inocência das crianças? Quero me desarmar dessa desilusão que tenta todos os dias entrar no meu coração. Quero me embriagar de vida, de poesia e de esperança. Quero irmãos e irmãs. Quero me apaixonar. Apostar. Arricar e me permitir. "Quero ser um poeta extraordinário e desejo poder escrever um teatro muito engraçado pra todo mundo rir até ficar irmão", frase (bem) dita por Adélia Prado no livro "Cacos para um vitral".