segunda-feira, 21 de março de 2011

Bruna Surfistinha

Ontem fui ao cinema e assisti "Bruna Surfistinha". O filme narra a história de Raquel Pacheco, estudade de 18 anos que sem motivo aparente fugiu de casa e enveredou-se na prostituição. O filme mostra os extremos do mundo das profissionais do sexo. Vai desde o glamour, o requinte do adultério até o submundo das drogas, dos clientes excêntricos, que na maioria das vezes causam repulsa em muitas mulheres.

Quando entrei no cinema, imaginei que seria mais uma dessas histórias de gata borralheira. Dessas que levam uma vida sofrida em casa, são molestas pelos pais, ou por extrema necessidade financeira precisam vender o próprio corpo. Enquanto assistia, reportou-me à memória a pálida "Dama das Camélias", livro de Alexandre Dumas, que narra a história da elegante cortesã francesa que vivia às expensas de homens ricos, no entanto, é transformada quando encontra o amor. E claro, não pude deixar de lembrar de Hilda Furacão, a garota do biquini dourado, integrante da alta sociedade belorizontia, que vai para a zona bohêmia a fim de transgedir convenções sociais formadas pelo falso moralismo da alta sociedade. Tanto a história de Hilda como de Margarida Gautier são travadas por dramas de amor impossível, atitudes heiróicas, tudo para nos sensibilizar e justificar a vida que levam.

Mas a de Bruna Surfistinha é diferente. É claro que não podia-se esperar um drama romanesco, repleto de passagens altruísticas de renúncia e paixão, pois se trata de uma história baseadas em fatos reais. Mas fiquei esperando uma justificativa consternadora ou talvez a redenção através do amor...

O fato é que não se falou muito da vida de Bruna antes da prostituição. Mas ficou claro que: ela foi adotada por uma boa família, teve boa educação, estudou em boas escolas. Se caiu na prostituição não foi por maltratos, necessidade financeira e tampouco porque tinha que sustentar filhos doentes. Depois que escolheu mudar de vida, Bruna nunca mais teve contato com os pais, nenhum pedido de desculpas, nada. Nem para saber se estavam bem, sem precisavam de dinheiro. Ela simplesmente deu adeus ao passado e disse ao final do filme que "às vezes sentia saudades da família e até da casa". Perguntada pelo personagem de Tato Gabus do porquê escolheu essa profissão, ela simplesmente disse: "Eu quero ser independente". 

Em entrevista ao SBT com a jornalista Marília Gabriela, Bruna afirmou: “Eu entrei na prostituição porque eu queria unir o útil ao agradável. Queria ganhar dinheiro e gostava de fazer sexo”.

Bem, não tenho esse blog para ser taxada como escritora, não almejo tanto. Talvez, mera pensadora ou expositora de idéias. Idéias Banais, "meros devaneios tolos", como alguém já cantou. E tampouco, quero firmar "normas de conduta" ou rotular as pessoas.

Mas ao sair do cinema, mais do que em Bruna, pensei nos pais de Bruna. Fiquei imaginando que nunca mais a família se reestruturou. Uma pessoa ingrata, de fato, é capaz de causar transtornos em muitas outras pessoas. Tudo isso, me lembrou uma frase que, coincidentemente, li semana passada, de um escritor chamado Samuel Johnson: "A gratidão é um fruto de grande cultura, não se encontra entre gente vulgar.".


Respeito posicionamentos contrários, aceito críticas, principalmente daqueles que venham a me achar conservadora demais, mas fica minha impressão sobre o filme. De todo o mais, vale a pena a assistir!


1 comentários:

Lâmina da Lingua disse...

adorei o penultimo paragrafo to teu post, acho que foi muito mais inteligente do que muitas resenhas/criticas q vi por ai desse filme...